M. C. ESCHER

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

FLECHA DO TEMPO

"A flecha do tempo me parece a propriedade mais universal que existe. Envelhecemos todos nas mesma direção, assim como os rochedos e as estrelas. A flecha do tempo não corresponde, porém, apenas ao envelhecimento. Implica também o aparecimento de acontecimentos, de novas manifestações que atestam a criatividade da natureza. Encontramo-nos apenas no começo de tudo isso. Já compreendemos bastante bem o mecanismo dos acontecimentos que propiciam o surgimento de novas estruturas no campo da física e da química. O que é novo, são as novas noções de bifurcação, de auto-organização. Elas podem servir de metáforas para as ciências humanas. De qualquer modo, trata-se de uma metáfora bem mais adequada do que aquela que foi expressa pelo mundo newtoniano."

PRIGOGINE, Ilya. Ciência, Razão e Paixão, 2ª ed. São Paulo: Livraria da Física, 2009, p. 111.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

VISÃO DE CIÊNCIA

"Creio que a questão, corretamente foi posta, está intimamente relacionada com a visão de mundo que oferece a ciência moderna. No seguinte sentido: a visão clássica do mundo repousava na ideia de que racionalidade e realidade são a mesma coisa. Só o racional é real e só existe uma realidade racional. Hoje vemos um mundo pluralista, um mundo de instabilidades e pleno de possíveis realizações. Devemos começar a pensar de forma não linear, devemos compreender que o mundo é muito mais rico do que qualquer das possibilidades que tenhamos vivido. A análise psicológica é um exemplo claro. A visão clássica é que a análise psicológica revela-nos porque atuamos de uma maneira e não de outra. Hoje se tende a uma terapia de grupo e da família. Quer dizer, a tendência atual é irmos juntos ao psicólogo para que este descubra as singularidades e não linearidades do grupo que afetam um de seus membros. E, na minha opinião, o mundo necessita de uma terapia familiar no nível de todas as nações. Os valores estão relacionados com as reações homeostáticas frente às possíveis realizações de cada bifurcação ... A tolerância é o verdadeiro problema do nosso tempo, consiste em compreender as alternativas do mundo cultural e de convencermo-nos de que devemos viver em um mundo múltiplo. E aqui, na minha opinião, um bom objetivo para a ciência atual com respeito à civilização: proporcionar um caminho diverso de realizações, mostrar caminhos menos lineares, estreitos e condicionados para o homem ... Não se deve esquecer que foi precisamente na Europa que se gerou esse grande projeto que é a ciência e esse sistema chamado democracia, ou seja, a racionalidade científica e a racionalidade social e humanista. Como europeus vivemos na intersecção do sistema de valores, é nossa tradição. Aproximar essas duas racionalidades é um bela missão para nós. Dessa maneira, quiçá, aproximemo-nos de uma maior tolerância e do aceite da multiplicidade da civilização humana." Ilya Prigogine

MÁQUINA À VAPOR