M. C. ESCHER

sábado, 16 de dezembro de 2017

CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATERIALISMO DIALÉTICO

1º CICLO DE LEITURAS NO NUESTRO SUR BRASIL


Nos meses de novembro/dezembro de 2017 iniciamos o ciclo de leituras no Nuestro Sur Brasil com a temática das Ciências da Natureza e Materialismo Dialético. Nosso principal objetivo era levantar questões que fizessem um paralelo entre as observações obtidas pelas ciências da natureza e, como poderíamos interpretá-las pelo prisma do método materialista e dialético.
Ao longo desses dois meses fizemos seis encontros. Nosso fio condutor partiu da ligação entre as considerações de Friedrich Engels em sua obra “A Dialética da Natureza” com as categorias da dialética hegeliana.

1º ENCONTRO

Lemos no primeiro encontro o prólogo escrito pelo biólogo marxista, J. B. S. Haldane, com seus comentários e considerações da obra de Engels.
Sendo Marx e Engels, os fundadores do materialismo histórico e dialético, ou em outras palavras: fundadores da visão invertida da dialética hegeliana, partimos dessa base concreta em busca de afirmar que antes da história humana, haveria de existir uma história natural. Isto é, haveria de existir uma dialética da natureza que pudesse dar conta de explicar que a humanidade é produto dessa natureza que contém sua historicidade. Que a humanidade ao se desenvolver, criou condições e mecanismos que pudessem falar de uma concepção de natureza que não se esgotasse de criar novas organizações.
O primeiro texto foi um convite para compreender esse cenário na qual a visão do materialismo dialético poderia contribuir para o entendimento diante dos processos de descobertas e mecanismos que engendram a dinâmica da natureza e suas complexidades. 

Link para o texto: 
A DIALÉTICA DA NATUREZA (prólogo, Friedrich Engels)



2º ENCONTRO

O segundo encontro concentrou em refletir e analisar parte da obra “O Materialismo e o Empiriocriticismo” de V. I. Lênin. Na qual a tarefa de Lênin era refutar a concepção idealista de Ernst Mach que influenciou muitos cientistas, como o russo Alexander Bogdanov.
Seguindo a tradição e a corrente marxista, Lênin se apoia em algumas ideias de Engels para responder as concepções reducionistas e mecanicistas, diante o materialismo dialético. 
Desenvolvendo e aprofundando ainda mais os caminhos lançados por Engels, Lênin travou um grande debate intelectual em resposta aos cientistas que diziam que a noção do materialismo havia perdido sentido frente as novas descobertas da física. Muito pelo contrário, Lênin mostrou em sua obra que o materialismo dialético está ainda mais sólido. Com as novas descobertas nos campos da física, em 1905 com a teoria da relatividade especial de Einstein, bem como o Nobel que recebeu pelo efeito fotoelétrico, mostrava uma natureza ainda mais com noções antagônicas e complementares, que é o caso da dualidade onda e partícula, e a relação espaço-tempo frente a finitude da velocidade da luz.

Link para o texto:
MATERIALISMO E EMPIRIOCRITICISMO (V. I. Lênin, 1975)

3º ENCONTRO

Em paralelo as novas descobertas no campo da física, o terceiro encontro firmou uma homenagem ao cientista físico e químico russo-belga Ilya Prigogine pelo seu centenário de nascimento. Nesse encontro refletimos a teoria das estruturas dissipativas, que foi concedida pela comunidade científica em 1977 pelo prêmio Nobel de química.
Da corrente seguida por Engels e Lênin, podemos analisar que Prigogine chegou mais perto da noção de Dialética da Natureza. Enquanto Engels e Lenin faziam suas reflexões dentro da história da ciência, mostrando o avanço de novas descobertas, de contradições que no decorrer da história foram sendo superadas, Prigogine contemplou todas essas noções dentro do próprio fenômeno que estava estudando. Isto é, das transformações da matéria em outras formas de movimento. A teoria das estruturas dissipativas dentro do materialismo dialético é um ganho sem precedentes do pensamento marxista frente aos fenômenos da natureza. Em resposta a Engels, a teoria desenvolvida por Prigogine não pressupõe leis gerais da natureza, mas sempre leis de aproximações locais dos fenômenos naturais. Nesse sentido, as categorias meramente metodológicas da dialética não tornam regras universais, mas locais. Sendo assim, recuperando a noção do método dialético que não se cristaliza em leis universais.

4º ENCONTRO

No quarto encontro focamos em aprofundar as questões concernentes acerca da natureza da realidade. Lemos parte do livro “A Nova Aliança” escrito por Prigogine em colaboração com Isabelle Stengers, e o tópico “Fazer existir” do livro “A Invenção das Ciências Modernas” da Isabelle Stengers. Nessa leitura discutimos a noção de realidade e as atividades humanas que sustentam as diversas formas de existência fenomenológica observadas ou descobertas por cientistas em laboratórios.
Um elemento essencial que apareceu no texto de Lênin que lemos no segundo encontro é sobre a ideia de um mundo exterior independente da consciência humana. Esse elemento de discussão é retomado no livro “A Nova Aliança”. Este texto recupera o diálogo entre o idealista d’Alembert e o materialista Diderot.
Dentro dos campos de exploração e inteligibilidade, Diderot vence a disputa de ideias sustentando diversas atividades que ligam a noção de um mundo exterior independente da consciência humana. Sua análise sobre o processo de desenvolvimento de um ovo é sustentada por uma noção exterior a esse ovo que se alimenta de matéria e energia. Buscando uma resposta à pergunta de como que a partir de uma matéria inerte possa surgir um embrião, uma matéria viva, Prigogine e Stengers avançam nessa questão introduzindo os conceitos de irreversibilidade, auto-organização, historicidade da matéria e flecha do tempo. Dando um passo adiante da noção de Dialética da Natureza.

Link para o texto: 

FAZER EXISTIR (Isabelle Stengers)

A NOVA ALIANÇA (Prigogine e Stengers)

5º ENCONTRO

O quinto encontro ficou marcado pelo poder de síntese do professor da academia soviética de ciências, Khalil M. Fataliev.
No texto que lemos do livro “O Materialismo Dialético e as Ciências da Natureza” Fataliev usa uma abordagem histórica sobre a relação entre as ciências naturais e o materialismo dialético, buscando saber em quais condições o materialismo dialético surgiu por volta da década de 1840.
Sua análise foi totalmente cuidadosa com a história e a filosofia da ciência, apontando os principais embates de ideias entre a escolástica e o materialismo metafísico, bem como o idealismo neopositivista e o materialismo dialético. 

Link para o texto: 

O MATERIALISMO DIALÉTICO E AS CIÊNCIAS DA NATUREZA (Kh. Fataliev)

6º ENCONTRO

No sexto e último encontro rolou uma dinâmica de fechamento do primeiro ciclo de leituras, com encaminhamentos para os próximos passos a serem construídos nessa perspectiva de ciência que exploramos ao longo dos dois meses. Isto é, uma afirmação positiva de que há uma dialética da natureza e uma concepção de realidade independente da consciência humana, mesmo que seja apenas a consciência humana que busca mediar esta realidade criando sistemas de inteligibilidade para seus esquemas representativos.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

1º CICLO DE LEITURAS NO NUESTRO SUR BRASIL - ACADEMIA DE CIÊNCIA SOVIÉTICA

ACADEMIA DE CIÊNCIA DA URSS



Terça-feira, 12 de dezembro de 2017 aconteceu o último encontro do primeiro ciclo de leituras: "Ciências da Natureza e Materialismo Dialético".

Nesse encontro debatemos as ideias que eram frequentemente disseminadas na academia de ciência da URSS. 

Do livro escolhido para esse último encontro, fizemos uma leitura do autor K. V. Moroz, com o artigo "O Desenvolvimento Como Passagem das Mudanças Quantitativas às Transformações Radicais de Qualidade". Com este texto, retomando as discussões que fizemos no primeiro encontro. Isto é, um retorno ao pensamento de Friedrich Engels com as categorias da dialética hegeliana numa interpretação materialista dos fenômenos da natureza. Assim fechamos todo um ciclo que tem como objetivo investigar aquilo que podemos chamar de "Dialética da Natureza".

Ao término da leitura, fizemos uma dinâmica por meio de experimento empírico para voltar numa discussão que praticamente em quase todos os encontros estava bem latente, que era a questão da natureza da realidade. Nesse sentido, foi proposto um experimento no qual os membros participantes deveriam descobrir, ou em outras palavras, criar um modelo de realidade sobre a forma de um objeto que não se encontrava visível. Tendo apenas duas maneiras de mediação para captar a essência desse objeto que se encontrava debaixo de uma tábua (tábua de Prigogine). Veja as fotos.

Assim foi o encerramento do primeiro ciclo de leituras no Nuestro Sur Brasil.





quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

1º CICLO DE LEITURAS NO NUESTRO SUR BRASIL - KHALIL M. FATALIEV

5º ENCONTRO: KHALIL MAGOMEDOVICH FATALIEV

Na sexta-feira, 01 de dezembro de 2017, aconteceu no Nuestro Sur Brasil o quinto encontro do primeiro ciclo de leituras: Ciências da Natureza e o Materialismo Dialético. Colocamos na mesa de discussão o pensamento do físico russo Kh. Fataliev (1915 - 1959), partindo da leitura do capítulo 2 da obra "O Materialismo Dialético e as Ciências da Natureza" publicado pela editora Zahar em 1966.

Nesse livro Fataliev resgata na história das ciências o surgimento do materialismo dialético, como um sistema de lógica que vem para superar os dilemas entre o pensamento metafísico e a lógica idealista. Se contrapondo ao positivismo e o que veio a se constituir como neo positivismo. Fataliev lança um debate aprofundado para entender as raízes do elo histórico entre o desenvolvimento do materialismo dialético e o das Ciências. Buscando uma solução para as seguintes questões:

1. A que se devia o caráter mecanicista e limitado, metafísico, da representação da natureza nos séculos XVII e XVIII e qual a relação entre conteúdo científico e teórico do progresso das Ciências nessa época e a dialética materialista?

2. Que descobertas serviam de ponto de partida para a nova via antimetafísica do desenvolvimento das Ciências teóricas, que criou, por volta de 1840, as condições científicas que permitiram o nascimento do materialismo dialético?

3. Que descobertas científicas representam um papel decisivo na formação das concepções materialistas dialéticas da natureza?

ADVERTÊNCIA

O livro que apresentamos a nossos leitores deve-se à pena do falecido Professor Fataliev, da Universidade de Moscou.

O autor, doutor em Ciência Físicas e Matemáticas, realizou pesquisas no domínio da eletrônica e publicou diversos trabalhos consagrados a um dos problemas cruciais da Física contemporânea: o estudo de numerosas propriedades do plasma.

O professor Fataliev publicou três monografias sobre as implicações filosóficas da Ciência. Duas delas examinam o papel da Ciência na vida da sociedade. A terceira é a que oferecemos à atenção do leitor. O autor nela estuda, do ponto de vista do método marxista, uma variedade de questões bastante grande levantada pelo desenvolvimento da pesquisa em nossos dias.

Além dessas monografias ele nos deixou grande número de artigos esclarecendo diversas questões da história e da metodologia das Ciências, dos quais uma parte importante foi reunida numa coletânea póstuma pelas Edições da Universidade de Moscou, em 1962, sob o título de "O Marxismo-Leninismo e as Ciências da Natureza".

Morte trágica veio interromper a atividade científica do Professor Fataliev em plena expansão: pereceu num acidente de aviação, no outono de 1959, quando não havia ainda completado 45 anos.

FATALIEV. Kh. O Materialismo e as Ciências da Natureza. Rio de Janeiro: Zahar, 1966, p. 7.

REGISTRO DA ATIVIDADE NO NUESTRO SUR BRASIL

Veja também a exposição que fizemos com cartazes mostrando o desenvolvimento da Ciência Soviética, e a homenagem que realizamos ao centenário de nascimento de Ilya Prigogine.



sábado, 25 de novembro de 2017

1º CICLO DE LEITURAS NO NUESTRO SUR BRASIL - ISABELLE STENGERS

Na noite de sexta-feira, 24/11, aconteceu no Nuestro Sur Brasil o quarto encontro do 1º Ciclo de Leituras: Ciências da Natureza e o Materialismo Histórico e Dialético. Nesse encontro focamos nossas conversas nos trabalhos desenvolvidos pela professora de filosofia Isabelle Stengers da Universidade Livre de Bruxelas. Lemos dois textos, parte do Capítulo 3 do livro "A Nova Aliança: a metamorfose da ciência" escrito em parceria com Ilya Prigogine e excertos do livro "As Invenções da Ciência Moderna" escrito pela Stengers. Os debates foram calorosos e ricos de ideias. Discutimos a concepção de Matéria, mais especificamente a transformação da matéria para graus de organização mais complexas, bem como a natureza da realidade objetiva dessas entidades que foram bem elucidativas pela Stengers no capítulo "Fazer História". Acompanhe as nossas atividades ao longo do ciclo.







segunda-feira, 20 de novembro de 2017

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO: ILYA PRIGOGINE NO NUESTRO SUR BRASIL

Esse ano comemoramos o centenário de nascimento do físico, químico e poeta da termodinâmica, Ilya Prigogine. Em 1977 Prigogine foi laureado com o prêmio nobel de Química pela teoria das Estruturas Dissipativas. Seus trabalhos foram de extrema importância para o desenvolvimento da termodinâmica de não-equilíbrio, desenvolvendo e ampliando o conceito de entropia para sistemas abertos. Entre os cientistas do século XX, Prigogine ficará marcado pela história do pensamento científico por esta grande contribuição ao desenvolvimento da ciência. Um materialista histórico e dialético em sua concepção de mundo, coloca novamente à prova de que o pensamento dialético alcança limites que a lógica neopositivista tende a negar, isto é, que a natureza é mutável, que o tempo é irreversível e que as coisas não duram para sempre.
O espaço da Nuestro Sur Brasil cedeu um dia especial para discutirmos os alcances do pensamento de Ilya Prigogine.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

I Ciclo de Debates: Centenário do Nascimento de Ilya Prigogine

I Ciclo de Debates: Centenário do Nascimento de Ilya Prigogine
Local: Anfiteatro do Instituto de Química - UFG
Evento: 13 Novembro 2017


O professor Rodrigo França Carvalho participa, no dia 13 de novembro, do debate no Instituto de Química da UFG, Câmpus Samambaia, em Goiânia, sobre as ideias do físico-químico Ilya Prigogine.

TEMA DO DEBATE: Temporalidade - a conexão entre física e história.
Palestrantes: Dr. Eugênio Rezende de Carvalho e Dr. Rodrigo França Carvalho

Esse ano comemoramos o centenário de nascimento do físico, químico e poeta da termodinâmica, Ilya Prigogine. Em 1977 Prigogine foi laureado com o prêmio nobel de Química pela teoria das Estruturas Dissipativas. Seus trabalhos foram de extrema importância para o desenvolvimento da termodinâmica de não-equilíbrio, desenvolvendo e ampliando o conceito de entropia para sistemas abertos. Entre os cientistas do século XX, Prigogine ficará marcado pela história do pensamento científico por esta grande contribuição ao desenvolvimento da ciência. Um pensador dialético em sua concepção de mundo, coloca novamente à prova de que o pensamento dialético alcança limites que a lógica neopositivista tende a negar, isto é, que a natureza é mutável, que o tempo é irreversível e que as coisas não duram para sempre.

DOSSIÊ ILYA PRIGOGINE: uma homenagem ao seu centenário de nascimento. https://goo.gl/5Emsxs





domingo, 27 de agosto de 2017

CENTENÁRIO ILYA PRIGOGINE

Esse ano comemoramos o centenário de nascimento do físico, químico e poeta da termodinâmica, Ilya Prigogine. Em 1977 Prigogine foi laureado com o prêmio nobel de Química pela teoria das Estruturas Dissipativas. Seus trabalhos foram de extrema importância para o desenvolvimento da termodinâmica de não-equilíbrio, desenvolvendo e ampliando o conceito de entropia para sistemas abertos. Entre os cientistas do século XX, Prigogine ficará marcado pela história do pensamento científico por esta grande contribuição ao desenvolvimento da ciência. Um materialista histórico e dialético em sua concepção de mundo, coloca novamente à prova de que o pensamento dialético alcança limites que a lógica neopositivista tende a negar, isto é, que a natureza é mutável, que o tempo é irreversível e que as coisas não duram para sempre.

sábado, 21 de janeiro de 2017

CENTANÁRIO ILYA PRIGOGINE

ESCULPIR O ESPAÇO-TEMPO

        No dia 25 de janeiro de 2017, o físico, o químico e o popularmente conhecido como o poeta da termodinâmica Ilya Prigogine completaria cem anos do seu nascimento. Cem anos é tempo suficiente para o surgimento de novos costumes, de novos anseios e de novas temáticas sociais e superações. Num tempo transcorrido e tarkoviskiano, Ilya Prigogine esculpiu uma das mais audaciosas contribuições para o desenvolvimento da ciência, reaproximando dois mundos, dois universos, dois olhares que a herança cartesiana rompeu. Esculpiu um mundo permeado de incertezas, flutuações e irreversibilidades. Um mundo onde a busca de inteligibilidade coincidiu com os valores éticos e morais da humanidade. Lapidou uma ciência que não fala mais em determinismos e nem em reversibilidades. Transformou a noção de tempo em uma pintura realista, objetiva e unidirecional.

        O século 20 foi cenário de grandes transformações sociais. Prigogine nasceu no coração da revolução Russa, em 1917, na cidade de Moscou. Cresceu em um ambiente no qual a revolução provocou um grande abalo global na velha ordem capitalista socialmente estabelecida pós-revolução francesa. Mas o século não se caracterizou apenas por essas transformações sociais, a ciência naufragava em uma grande crise que abalou profundamente conceitos fundamentais estabelecidos durante os três séculos seguintes à revolução copernicana.

        Nas duas primeiras décadas do século 20, a ciência foi marcada pelo desdobramento da física quântica e da física relativística. Cada qual se desenvolveu e gerou o abandono das concepções clássicas de trajetória e simultaneidade, respectivamente. Em paralelo a esses novos desenvolvimentos da ciência, a termodinâmica ficou refém do fracasso de Boltzmann em explicar mecanicistamente a irreversibilidade do tempo por meio do conceito de entropia.

        Desde o desenvolvimento maciço da termodinâmica (em meados do século 19), esta visão de ciência estabeleceu confronto direto com toda herança newtoniana em relação às leis reversíveis da natureza.  Com a elaboração dos dois princípios da termodinâmica, esta ciência se afirmava capaz de se desenvolver independentemente das concepções mecanicista, tornando-se um dos pilares que sustentam a inteligibilidade do olhar humano ante a natureza. Ilya Prigogine seguirá no trilho desta ciência em pleno desenvolvimento consolidando um novo campo de estudo: a termodinâmica de não-equilíbrio. Laureado com o Prêmio Nobel de Química em 1977 pela sua Teoria das Estruturas Dissipativas, Prigogine abre um novo capítulo da história e filosofia da ciência.

        Neste dossiê, organizamos uma coletânea de dez artigos referentes ao pensamento prigoginiano. São pouquíssimos os trabalhos em português que encontramos a respeito deste físico e químico eminente. Os dez artigos tratam de forma geral sobre a repercussão das ideias de Prigogine em todo campo do conhecimento humano. Como verão, os pesquisadores e pesquisadoras utilizam as ideias para desenvolver respectivamente os campos associados às suas formações. Seja em biologia, química, física, filosofia ou história, o pensamento prigoginiano atravessa.


        Finalmente, ressaltamos que é fundamental municiar-se de uma leitura dialética para o contexto de toda obra de Ilya Prigogine a fim de que não ocorram entendimentos equivocados, como o de Marcel Novaes no artigo “Ilya Prigogine: uma visão crítica”, publicado na Revista Brasileira de Ensino de Física em 2010. 














00. ESCULPIR O ESPAÇO-TEMPO 
(Claude Bergson)

01. UMA CONTRIBUIÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA 
(Neusa Teresinha Massoni)

02. A CIÊNCIA COMO BIFURCAÇÃO 
(Maria da Conceição Almeida)

03. CRIATIVIDADE DA NATUREZA 
(Ilya Prigogine)

04. ENTRE O TEMPO E A ETERNIDADE
(Jorge Albuquerque Vieira)

05. A HISTORICIZAÇÃO DA FÍSICA 
(Rodrigo França Carvalho)

06. POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS 
(Várias autoras)

07. UM MUNDO PARA DESCOBRIR  
(Ilya Prigogine)

08. UM NOVO DIÁLOGO COM A NATUREZA 
(Andressa Liriane Jacobs)

09. UMA BREVE HISTÓRIA DO FIM DAS CERTEZAS 
(Katja Plotz Fróis)

10. CARTA PARA AS FUTURAS GERAÇÕES
(Ilya Prigogine)

MÁQUINA À VAPOR